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Assistir a este vídeo agregou muito em minha visão não só sobre o feminismo.

ALERTA SPOILERS!

Neste standup ela conta o motivo pelo qual está deixando de fazer standup comedy: Hanna precisa contar sua história de um novo jeito. Depois que assumiu para si a homoxessualidade que ela já sentia há muito tempo, ela passou a fazer shows contando de maneira descontraída os episódios destes processo. E para se ter uma ideia da intensidade destas situações, tenha em mente que ela cresceu em uma cidade onde 70% das pessoas consideravam que a homossexualidade era crime, e de fato era até 1997.

Mas dessa vez ela trouxe um conteúdo diferente. Numa incrível habilidade de tocar pontos sensíveis e, no momento seguinte, fazer as pessoas rirem, ela conta que cansou-se de fazer de si uma piada. Aos 15 minutos de vídeo eu já não sentia vontade de rir, a gravidade das questões saltava aos olhos. Ela conta que, depois de passar a viver, e não mais esconder, seu gênero e sexualidade, encontrou espaço no mundo, sentiu que podia falar com as pessoas deste assunto, mas fazendo dele uma piada. Era como ela sentia que era aceita, desmerecendo a questão tanto quando ela achava que as outras pessoas o faziam.

Por isso ela diz que precisa contar sua história de um jeito diferente, não mais como se todas as dificuldades que sofreu fossem algo que lhe inspirassem risadas, porque no fundo era o contrário que sentia: vontade de ser ouvida, compreendida e verdadeiramente aceita.

Eu recomendo a todos que querem aprofundar suas visões a respeito de sexualidade e gênero e que tiverem coragem o bastante de encarar o desconforto de descobrir-se mais preconceituoso do que se sabia até o momento. Este é um dos pontos mais precisos da fala dela. O machismo está em nossa cultura, está em nosso comportamento, das coisas mais sutis às mais perceptíveis. Apesar da experiência da mulher no mundo machista ser bastante diferente da experiência do homem, eu mesma vejo machismo em meus comportamentos. Conversando sobre gênero, já ouvi muitos amigos e amigas meus comentarem "eu acho válido, mas é chato quando tudo vira machismo". Mas o pior é que, infelizmente, muita coisa se trata disso. É preciso humildade, pessoal, para enxergar seus erros, e é essa a habilidade que muitos homens héteros, principalmente brancos, possuem muito menos do que as mulheres. Uma boa dose de humildade e ao mesmo tempo auto-aceitação são necessários para enxergar nossas atitudes injustas e ilusões e ter vontade de mudar isso.

Se ainda não conseguiu, tente: ouça a fala de uma feminista (bem fundamentada como a Hanna) até o fim. Mas ouça com vontade de compreender, não comece querendo achar incongruências. Escute na intensão de tentar entender o sentido daquilo. Porque esta mulher está tão brava? Porque está tão machucada?

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