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Escrito pelo jornalista <strong>Luis Erlanger</strong>, esse é a sua segunda empreitada no mundo literário e o foco aqui é bem mais desafiador e profundamente reflexivo do que no seu material anterior. Repleto de nuances que vão sendo desfeitas a cada página, o leitor mergulha em uma busca de (re)conhecimento próprio, aceitação e justiça (nem que a mesma tenha que ser feita com as próprias mãos).

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<center>Fonte: Divulgação (Globo)</center>

O livro é uma mistura bem dosada de mistério e drama, com leves toques de humor ácido. É algo meio fora do padrão e que certamente não vai chamar a atenção de quem curte o tipo de leitura mais trivial. Aqui, Erlanger convida o público a viajar por uma complexa trajetória de um personagem que ao acordar atordoado e muito ferido em meio a um lixão. Ele suspeita que tenha sofrido uma tentativa de assassinato e não faz ideia de como foi parar naquela lugar.

Sem lembrar-se de suas memórias referentes ao passado mais recente, ele não demora a se dar conta de que mesmo desaparecido, não há ninguém a sua procura. Essa ausência passa a se tornar cada vez mais angustiante, porque ele se sente "apenas mais um no mundo", alguém com quem ninguém - <em>de fato</em> - não se importa. Esse é o cenário no qual se encontra o protagonista da história, que ao enxergar nesse esquecimento alheio à sua pessoa uma brecha para assumir uma nova identidade, dá a vazão necessária para que ele se revolte contra tudo que ele julga errado no mundo de hoje. 

Decidindo começar uma nova vida, ele tem entre seus planos principais duas coisas: eliminar criminosos protegidos pela corrupção praticada dentro da justiça e escrever um livro que se torne um <em>best seller</em>, mas tudo vai sofrer uma grande reviravolta quando uma paixão incontrolável cruzar o seu caminho.

A escrita simples, fluida e muito atual de Erlanger possibilita ao leitor uma grande aproximação (sem ter que apelas para argumentos mirabolantes e/ou surreais para tal) com os mais diversos temas que são pauta dos noticiários do país. Essa fácil aceitação da narrativa se dá não pelas escolhas dos temas, mas também pela maneira como os personagens são apresentados ao leitor, e também, em como os mesmos são desenvolvidos. Todos dialogam muito bem e sejam sozinhos ou em conjunto, na grande maioria das vezes entregam ao público algo para ser (re)pensado.

Uma luta entre o que racional e irracional assume o controle da mente do protagonista (e também dos leitores, caso os mesmos comprem a história da maneira devida) e todos os obstáculos que precisarão ser derrubados para resolver o principal mistério da narrativa ganham contornos muito pertinentes ao contexto da sociedade em que vivemos e compartilhamos (um ótimo paralelo entre ficção e realidade por parte do escritor)... E é justamente através disso que todo o livro começa, e é também quando o mesmo - <em>muito inteligentemente</em> - encontra um fim ao encerrar os acontecimentos com uma execução que prende à atenção até a última página.

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